Ailton Krenak é 1º indígena eleito à Academia Brasileira de Letras em mais de 100 anos

Com a eleição, Krenak se torna o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia em mais de 100 anos

A  Academia Brasileira de Letras elegeu, nesta quinta-feira (5), Ailton Krenak para assumir uma das cadeiras da instituição . Em mais de cem anos de existência, Krenak é a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira .

Desde a postulação da sua candidatura, em setembro, o escritor indígena era considerado o favorito para assumir. Na disputa, chegou a bater de frente com a historiadora Mary Del Priore e com o também líder indígena Daniel Munduruku .

Krenak recebeu 23 votos entre os acadêmicos. Del Priore ficou em segundo lugar com 12 votos, e Munduruku com quatro. Ao todo, 15 pessoas concorriam a vaga.

A cadeira cinco, que será ocupada por Krenak, era do historiador José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto aos 83 anos.

Essa não é a primeira vez que é reivindicado a presença de uma liderança dos povos originários na ABL. Em 2021, Munduruku havia tentado pela primeira vez uma cadeira, gerando uma mobilização de abaixo-assinados para que ele fosse eleito, mas que não surtiu efeito na Academia, que elegeu o médico Paulo Niemeyer Filho.

Entretanto, nesta eleição, um incomum desentendimento ocorreu. Ao jornal Folha de S.Paulo, Munduruku deu uma entrevista criticando e acusando Ailton Krenak de traição, pelo falo de postular sua candidatura à vaga. Segundo ele, ambos haviam combinado anteriormente de quem seria a vaga.

Após a derrota em 2021, ele havia sido aconselhado “por vários imortais a tentar de novo”, uma vez que tinha conseguido uma grande quantidade de votos. “”Disseram que teria muitas chances porque seria o indígena que eles queriam”.

Munduruku chegou a cogitar desistir da vaga para ceder espaço a Krenak. No Twitter, ele fez uma publicação em apoio após o anúncio da candidatura. Mas, depois, ele mudou de ideia, dizendo que Krenak “puxou o tapete” quando fez a postulação.

Em entrevista, Krenak disse que nunca combinou nada, e que estava incomodado com a disputa e que não sabia da candidatura de Munduruku. “Não estava no meu horizonte uma coisa dessas, estou desmarcando um monte de coisas para cumprir as burocracias e demandas da Academia sem sequer fazer parte dela.”

Por iG Último Segundo