Censo do Desenrola: 10,7 milhões de pessoas já renegociaram R$ 29 bilhões em dívidas

Desenrola Brasil – Foram feitas renegociações em 5.491 municípios (98,6% do total). Governo Federal vai enviar Medida Provisória para prolongar programa por mais três meses e acabar com requisito de certificação ouro ou prata no gov.br para acesso aos descontos

O Ministério da Fazenda divulgou, na manhã desta quarta-feira, 6 de dezembro, o Censo Nacional do Programa Desenrola Brasil, que traz os números gerais do programa de renegociação de dívidas e apresenta o impacto dele na sociedade, a distribuição geográfica e o perfil dos beneficiados pelo programa.

O nosso grande desafio continua sendo passar a mensagem para a população. A gente ainda tem uma grande oportunidade pela frente, o número de pessoas que não visitaram a plataforma e têm benefícios ainda é muito grande. Muitas vezes, são pessoas mais idosas e pessoas de baixa renda que precisam de ajuda para fazer o acesso”
Marcos Barbosa Pinto, secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda

Somando as duas fases do Desenrola, R$ 29 bilhões em dívidas foram renegociadas, resultado da participação de 10,7 milhões de brasileiros que aderiram ao programa.

Na primeira fase, iniciada em julho, 7 milhões de pessoas foram beneficiadas com a negativação das dívidas bancárias de até R$ 100. Outras 2,7 milhões de pessoas também participaram com outras dívidas renegociadas diretamente com as instituições bancárias.

Já na segunda fase, que teve início há dois meses com o lançamento da plataforma digital do Desenrola Brasil, 1 milhão de pessoas participaram e R$ 5 bilhões em dívidas foram ‘desenroladas’.

O secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, destacou que houve dois eventos que favoreceram para o aumento de participantes no programa: o Dia D – Mutirão Desenrola, realizado em 22 de novembro, e o pagamento de 13º salário, no final de novembro. “Isso mostra que a população está interessada e comprometida em renegociar suas dívidas”, frisou.

“O nosso grande desafio continua sendo passar a mensagem para a população. A gente ainda tem uma grande oportunidade pela frente, o número de pessoas que não visitaram a plataforma e têm benefícios ainda é muito grande. Muitas vezes, são pessoas mais idosas e pessoas de baixa renda que precisam de ajuda para fazer o acesso”, complementou Marcos Pinto.

MEDIDA PROVISÓRIA – Também foi anunciado que o Governo Federal vai enviar, na próxima semana, uma Medida Provisória ao Congresso Nacional para acabar com a exigência de certificado prata ou ouro no gov.br, um atual requisito previsto na Lei do Desenrola, para o cidadão ter acesso aos descontos disponíveis na plataforma. “É um ponto que pode causar algum entrave para algumas pessoas, então a gente quer abrir mão desse requisito e trabalhar com os bancos alguma solução que não exija esses certificados”, pontuou Marcos.

Outra medida anunciada pelo secretário Marcos Pinto é a proposta de estender o prazo do Desenrola Brasil por mais três meses para que mais pessoas possam ter tempo para aderir às renegociações. “O Desenrola acaba no final do ano e a gente quer estender por mais alguns meses, no ano seguinte, para a gente conseguir beneficiar toda a população. A gente espera três meses mais, no começo do ano que vem”, anunciou.

FASE 2 – O documento apresentado pela Fazenda demonstra que, na fase 2 do Desenrola Brasil, foram R$ 5 bilhões em dívidas renegociadas, R$ 4,46 bilhões em descontos e 1 milhão de pessoas atendidas. Ao todo, foram 2,2 milhões de contratos renegociados, sendo 47% deles quitados à vista, enquanto as renegociações parceladas representaram 53%. Já se tratando dos valores das renegociações, 21% optaram por pagar à vista e 79%, pelo parcelamento.

O ticket médio das renegociações parceladas ficou em R$ 791 e, à vista, em R$ 248. A média dos descontos à vista é de 90% – e parcelado é de 85%. Já a média dos juros para o parcelamento é de 1,8%.

“Pense numa pessoa que está com uma dívida de cartão de crédito e a dívida dela está sendo multiplicada em cinco vezes a cada ano em que a dívida está aberta. A dívida está no Desenrola e ela vai trazer a dívida dela de R$ 10 mil para R$ 1 mil e, a partir do momento que ela renegociou, os juros dela cairão de 500% ao ano para 1,8% ao mês. A pessoa não precisa pagar a primeira parcela à vista, só vai pagar no ano que vem. É um benefício muito grande para a população”, reforçou Marcos Pinto.

Houve casos em que a dívida original estava em R$ 835,02 e, com a renegociação, o valor final ficou em R$ 10,91 – desconto de 98,6%.

Outro dado que chama a atenção é o método escolhido pelas pessoas para acessar a plataforma digital do Desenrola. Do total de acessos, 82% foram feitos pelo celular, enquanto 18% acessaram pelo computador. A média de tempo para o usuário da plataforma concluir a renegociação é de 4 minutos.

Também foi divulgado que 11 é a média de quantidade de parcelas. Já sobre o percentual de pagamentos à vista, 75% fizeram o pagamento por PIX e 25% por boleto bancário. No parcelado, 91% do público preferiu pagar por boleto bancário e 9%, por débito automático.

PÚBLICO – A divisão por gênero da base total do público apto a participar do programa demonstra que 53% são mulheres e 47% são homens, sendo que 54,8% das mulheres e 45,1% dos homens fizeram as renegociações pela plataforma.

Considerando a faixa etária, o público que tem maior distribuição de elegíveis está na faixa de 35 a 44 anos (23,81%). Em seguida aparece a faixa dos 45 aos 54 anos (17,03%) e dos 25 aos 29 anos (14,51%).

MUNICÍPIOS – Em todos os 5.571 municípios brasileiros, há pelo menos uma pessoa elegível a participar do programa. Já foram realizadas renegociações em 5.491 municípios (98,6%). Os estados que mais tiveram pessoas físicas renegociando dívidas foram São Paulo, com 244 mil (24%), seguido por Rio de Janeiro (111,5 mil; 11%) e Minas Gerais (80,2 mil; 8%).

SEGMENTOS DE DÍVIDAS – O ranking dos setores com mais renegociações demonstra que, em primeiro lugar, estão as dívidas contraídas em serviços financeiros, no valor total de R$ 3,3 bilhões. Em seguida, aparecem securitizadoras (R$ 513 milhões), conta de luz (R$ 143 milhões), comércio (R$ 213 milhões), demais setores como construtoras, locadora de veículos e cooperativas (R$ 43 milhões), educação (R$ 53 mi), conta de telefone (R$ 28 milhões), conta de água (R$ 8 milhões) e empresas de pequeno porte/microempresa (R$ 4 milhões).

Já os serviços não-financeiros com mais dívidas são as contas de luz, no valor original de R$ 143 milhões e que, após o desconto, ficaram no valor de R$ 52 milhões. Um total de 82.337 pessoas participaram deste tipo de renegociação.

Já as contas de telefonia e internet representam R$ 28 milhões e o valor com desconto é de R$ 6 milhões, com 59.322 pessoas tendo participado. Contas de água com o valor original de R$ 8 milhões saíram, com desconto, por R$ 2,3 milhões, o que atraiu 7.230 pessoas.