Estudantes da UFAC fazem campanhas nas redes sociais pedindo pelo fim da greve

Durante esta semana, os alunos da Universidade Federal do Acre (UFAC), levantaram campanhas nas redes sociais pedindo pelo encerramento da paralização e o retorno às atividades acadêmicas. Nesta terça-feira (25), o ativista educacional Ulissys Bandeira, também aluno de mestrado da Universidade Federal do Acre, divulgou um vídeo nas redes sociais convidando os alunos a se mobilizarem pela volta às aulas. Mesmo após o comando do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) determinar o encerramento da greve federal dos professores universitários até o dia 03 de julho de 2024, o comando de greve da UFAC decidiu continuar com a greve por conta de pautas locais.

No vídeo publicado, o precursor da campanha, Ulissys Bandeira destaca que “na nossa UFAC, o comando de greve está deliberando que a greve continue com pautas locais. […] Não tem por que as aulas pararem e afetarem a vida de mais de 12 mil alunos por conta de pautas locais. Pautas locais se discutem dialogando com a gestão superior que é quem resolve o problema das pautas locais. A gente não pode, de maneira alguma, depois de uma pandemia que durou mais de dois anos e que afetou a vida de milhares de alunos da UFAC, ter agora em 2024 mais uma nova paralização, sendo que o governo federal já atendeu a pauta de reivindicação dos professores da UFAC”. Muitos alunos e simpatizantes compartilharam o vídeo que alcançou mais de 20 mil reproduções e que chegou ao comando de greve da UFAC.

João Patto, através do perfil oficial do Comando Local de Greve dos Estudantes da UFAC argumentou contrapondo o movimento que “pautas locais se discutem com a administração superior. Verdade! Mas só quando a administração superior está apta, está acessível para se discutir. […] Eu quero dizer que quem defende universidade pública está na luta e esse momento de greve foi muito importante para todo mundo que deseja uma universidade pública, gratuita e de qualidade, […]”.

Em resposta, Ulissys Bandeira publicou uma carta aberta ao Comando Local de Greve, “o avanço da greve apenas para debater pautas locais, sem demérito de valor, mas debatíeis em qualquer tempo, se configura como um obstáculo para a formação de centenas, quiçá milhares de estudantes que não ingressarão oportunamente no mercado de trabalho. Não se trata mais de uma questão meramente salarial ou estrutural, que compreendemos e somos solidários, trata-se do futuro de milhares de jovens que esperam se formar para alcançar o sonhado emprego na busca de uma vida digna,
[…]. Posto isso, rogamos respeitosamente pelo fim da greve.”

Até o breve momento, os docentes decidiram manter a paralização até que a reitoria da Universidade Federal do Acre assine os dois termos de compromisso que já foram protocolados à mesma. Entre as diversas propostas listadas no Termo de Compromisso Nº 02/2024, levam os alunos a se questionarem, pois muitas não dependem exclusivamente da reitora da Universidade para serem implementadas. Por exemplo, a criação de programas de prevenção de doenças (ponto 15), que exige colaboração com órgãos de saúde e investimentos específicos que não estão ao alcance da reitoria. Similarmente, a contratação de mediadores (ponto 24) envolve processos que requerem orçamento adicional e políticas públicas que ultrapassam o escopo administrativo da universidade.

Além disso, a construção de salas e constituição de fórum de discussão permanente (ponto 10) também exigem investidores, intervenção de autoridades federais e estaduais, não sendo de competência exclusiva da reitoria. Curiosamente, das mais de 35 propostas mencionadas, apenas duas fazem referência direta a Cruzeiro do Sul, como a constituição de uma comissão para criação do Colégio de Aplicação (ponto 30) e a criação de residência estudantil (ponto 31). Este fato ressalta a desproporcionalidade entre as demandas locais e o impacto generalizado da greve, que prejudica todos os estudantes da UFAC, incluindo os de Cruzeiro do Sul.

A continuidade da greve tem afetado drasticamente os alunos, impedindo o progresso acadêmico de mais de 12 mil estudantes, que aguardam ansiosamente pelo retorno às aulas para continuar suas trajetórias educacionais e profissionais. Enquanto os professores continuam a receber seus salários, os alunos estão sofrendo as consequências financeiras e educacionais dessa paralização. Ao analisar, percebe-se que muitas delas são inviáveis no curto prazo ou não dependem exclusivamente da gestão, gerando um impasse entre a reitoria com alguns professores. Esse cenário resulta na penalização dos alunos, que, desprovidos de poder de decisão, acabam sendo as principais vítimas dessa disputa. O apoio a esses alunos, como o demonstrado por Ulissys Bandeira e outros alunos, é essencial para garantir que suas formações não sejam comprometidas por questões que podem e devem ser resolvidas de forma mais eficiente e sem a necessidade de paralisações prolongadas.