- Mircléia Magalhães/Agência Aleac Fotos: Sérgio ValE
A Comissão de Saúde e Assistência Social da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizou, na manhã desta terça-feira, 2 de julho, uma reunião importante para discutir a assistência em saúde de média e alta complexidade no município de Capixaba. O encontro contou com a presença do secretário de Estado de servidores e de gestores municipais da área de saúde.
O presidente da comissão, deputado Adailton Cruz (PSB), abriu a reunião destacando a urgência de melhorar o atendimento de saúde no município de Capixaba. Segundo ele, a situação atual é crítica, com o município contando apenas com “uma unidade que realiza o atendimento de média e alta complexidade”, financiada sem o apoio financeiro do Ministério da Saúde ou do Estado. Adailton Cruz enfatizou ainda que o município está assumindo uma responsabilidade para a qual “não está habilitado”, mas faz isso devido à “necessidade da população”.
O deputado também ressaltou que a audiência pública tem como principal objetivo solicitar suporte do Estado para garantir a continuidade dos serviços de saúde, especialmente na unidade de Idelfonso Cordeiro, durante a noite e nos finais de semana. Ele mencionou a importância de uma parceria entre o município de Capixaba e o governo do Estado, até que seja possível implementar “uma unidade de pronto atendimento ou uma sala de estabilização”.
Durante o encontro, foram abordados diversos temas, incluindo a necessidade de melhorias nas infraestruturas hospitalares, a contratação de profissionais de saúde qualificados e a ampliação dos serviços oferecidos à população. A enfermeira plantonista Jamily Onofre, por exemplo, falou da importância de uma parceria com o governo do Estado para garantir a presença de médicos à noite e nos finais de semana no município de Capixaba.
“Nós trabalhadores, eu mesma já fiz vários partos dentro daquela unidade, que a gente sabe que não tem estrutura para esse tipo de atendimento naquele prédio”, afirmou. Ela mencionou a falta de recursos adequados e a necessidade de estabilizar pacientes antes de transferi-los para hospitais mais próximos, como o Senador Guiomard ou até mesmo para a capital, Rio Branco. A enfermeira também enfatizou que a presença de um médico na unidade permitiria resolver casos menores localmente, “sem precisar levar o paciente, acompanhante, até mesmo empatar a família”. Ela concluiu ressaltando que, embora os enfermeiros façam o possível, “não é todas as medicações que a gente pode fazer”.
Os gestores de saúde de Capixaba relataram as dificuldades enfrentadas no município, como a escassez de recursos e a falta de médicos. Eles enfatizaram a importância de um apoio mais efetivo do governo estadual para superar esses desafios. O secretário municipal de saúde de Capixaba, Jorge Eduardo, por exemplo, falou da necessidade urgente de uma parceria com o governo do Estado para melhorar a situação da saúde no município. Ele também descreveu a realidade enfrentada pelas unidades de saúde de Capixaba, especialmente a unidade Idelfonso Cordeiro, que segundo ele, está sobrecarregada e funciona como um hospital para a comunidade.
“A unidade de referência porque a população há anos entende que é um hospital”, afirmou. Ele mencionou a falta de estrutura adequada e a necessidade de encaminhar pacientes para outras localidades, muitas vezes arriscando a saúde dos profissionais. “Muitas vidas já foram salvas, mas com um suporte maior, uma estrutura maior na parceria com o Estado, podemos fazer muito mais para o nosso município”, concluiu.
Em sua fala, o vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde, Davi Gomes, ressaltou a dificuldade de prestar um bom serviço de saúde, tanto para a população quanto para os próprios prestadores, mencionando o impacto negativo da falta de infraestrutura adequada e a necessidade de encaminhar pacientes para outros municípios.
“São 55 quilômetros de Capixaba para Senador Guiomard. No momento em que a ambulância vai, espera o atendimento e volta, já tem outro encaminhamento. Precisamos, no básico, de um médico 24 horas para fazer a estabilização básica”, afirmou, ressaltando a necessidade de um suporte contínuo enquanto a sala de estabilização não é implantada”, explicou.
Em seguida, o prefeito de Capixaba, Manoel Maia, ressaltou na reunião as dificuldades financeiras enfrentadas pelo município, que “vive de repasse” e precisa “se virar nos 30” para manter os serviços de saúde. Ele mencionou as inovações trazidas desde que assumiu a prefeitura, incluindo a ampliação dos exames realizados na unidade de saúde Idelfonso Cordeiro, e ressaltou a importância da parceria com o Estado para melhorar ainda mais esses serviços. “Tudo isso poderia ser melhor se o Estado assumisse o compromisso e a responsabilidade”, afirmou, expressando esperança de que, após a reunião, o governo estadual se sensibilize e ofereça o suporte necessário. Tenho certeza que o Estado não vai nos negar esse suporte”, disse.
Representando na reunião o secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, a secretária adjunta, Ana Cristina, apresentou na ocasião um panorama das ações que estão sendo desenvolvidas pelo governo estadual para melhorar o atendimento em saúde na região.
Em seu pronunciamento, a secretária também destacou a complexidade de fortalecer a rede regional de saúde e os desafios enfrentados, incluindo a dificuldade de fixar profissionais. “Temos dificuldade de fixação, sim. Aqui na capital, a gente tem escala desfalcada por falta de profissional”, explicou. Mesmo com concursos e chamamentos simplificados, a fixação continua sendo um problema.
Além disso, Ana Cristina ressaltou que a permanência do paciente na sala de estabilização deve ser limitada a quatro horas, conforme a portaria do Ministério da Saúde, para assegurar um transporte seguro e eficiente. Ele reconheceu a legitimidade da demanda por uma sala de estabilização, especialmente em municípios menores, mas alertou que isso não elimina a necessidade de transferir pacientes para hospitais de alta complexidade em outras localidades.
“Nós nunca vamos parar de transferir pacientes”, destacou. Ela frisou que embora o fornecimento de insumos não seja um problema, a questão da disponibilidade de médicos continua a ser um desafio. “Hoje, eu não posso dizer que teremos médico 24 horas, mas faremos um esforço para adequar essa escala”, concluiu, reafirmando o compromisso do Estado em apoiar os municípios e garantir o atendimento adequado aos pacientes.
Ao final do encontro, o deputado Adailton Cruz ressaltou o compromisso da Comissão de Saúde e Assistência Social da Aleac em acompanhar de perto a situação da saúde em Capixaba e em outros municípios do Acre. “Vamos continuar trabalhando para garantir que as demandas da população sejam atendidas e que os serviços de saúde sejam aprimorados continuamente”, concluiu o deputado.