- Da Redação – Elson Costa – Fotos: Elson Costa – Video:ApexBrasil
“O vale do Juruá tem muito potencial e um artesanato que já participa de feiras nacionais e internacionais e essa parceria com a Apex-Brasil vai alavancar ainda mais esse potencial” – Aldemar Maciel
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Apex Brasil e a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) realizou, na tarde desta quarta-feira (02), na Unidade Regional do Sebrae do Juruá, em Cruzeiro do Sul, uma Oficina de Criação de Biomateriais para artesãos do vale do Juruá.
A Oficina de Criação de Biomateriais teve a participação de cerca de 40 artesãos e artesãos e tem o objetivo principal de estimular a produção de biomateriais para a indústria de calçados e valorizar a rica biodiversidade da região no mercado internacional que já tem sido destaque com o artesanato indígena e também com a Marchetaria do Acre.
Aldemar Maciel, Educador e Especialista em Gestão de Projetos e Inovação do Sebrar/AC, que já trabalha há décadas com o setor de artesanato na região do Juruá, sendo um dos responsáveis pelas conquistas e avanços do setor tanto na qualidade quanto no volume de produção, destaca a importância da parceria com a Apex-Brasil para a implantação do projeto.
“Temos artesanato de alta qualidade, artesãos que estão exportando seus produtos para outros estados, participando de feiras nacionais e também internacionais como é o exemplo do artista da Marchetaria, Maquesson Pereira da Silva, um filho da floresta que exporta sua arte de altíssima qualidade e produção para vários país do mundo”, enfatiza.
Segundo Aldemar Maciel o artesanato do Juruá, inclusive o feito por indígenas, tem ganhado cada vez mais espaço porque os artesãos tem conseguido com o apoio do Sebrae desenvolver potenciais e materiais sustentáveis e a parceria com a Apex-Brasil, a Assintecal e CACB é de grande importância porque vai beneficiar os artesãos de todo o Estado.
“A ideia é que possa ter produtos e componentes para moda no Estado todo. Estivemos em Mâncio Lima, com o artista da Marchetaria, Maquesson e hoje com os artesãos e artesãs e vamos apresentar o que temos de melhor no artesanato. Esse trabalho vai dar origem a uma coleção que vai ser apresentada em janeiro de 2025 no evento Inspira Mais em São Paulo”, disse.

Aldemar Maciel destaca que o artesanato do vale do Juruá tem um grande potencial e essa parceria é uma iniciativa do presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, que é um acreano que já fez o primeiro encontro em maio e agora está sendo retomado para que a coleção esteja pronta em janeiro de 2025 para ser apresentado em São Paulo, é de fundamental importância para a categoria.
“O artesanato do Juruá tem ganhado cada vez mais espaço no cenário nacional e internacional com os artesãos e artesãs, inclusive os indígenas, sendo importante que eles desenvolvam novas técnicas e apresentem novos produtos. A Marchetaria do Acre é um exemplo pela busca na excelência e melhoramento do produto para mostrar a qualidade do produto do Juruá e atender o exigente mercado nacional e internacional”, avalia o consultor do Sebrae.
O palestrante Marnei Carminatti, que abriu a oficina Sebrae/Apex de capacitação dos artesãos e artesãs do vale do Juruá, destaca que a palestra faz parte de um conjunto de ações que já estão sendo realizadas no Estado do Acre com pesquisa visual dos ícones das cidades que vão se transformar num livro e filma e vai selecionar artistas e artesãos para acompanhamento.
“Estamos muito impressionados com as visitas feitas aos artesãos e artesãs do Acre, inclusive nas aldeias indígenas, que tem um potencial incrível. Em Cruzeiro do Sul fizemos uma visita ao artesão Maqueson, que tem uma arte maravilhosa. O Acre tem um potencial muito grande e vamos apresentar esse potencial para o Brasil”, enfatiza.

Marnei Carminatti destaca que a partir de agora será feita uma pré-seleção para começar a trabalhar com os artesãos e artesãs periodicamente sobre o que e como eles poderão produzir para que possam ter mais impacto no mercado, inclusive com a oportunidade de apresentar seus trabalhos em feiras nacionais em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Maria Paula Veloso, representante da ApexBrasil, destaca que o trabalho da ApexBrasil é de desenvolver a exportação das empresas brasileiras e já atende mais de 17 mil empresas em parcerias e uma delas é com a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) que estará ministrando a oficina em parceria com o Sebrae.
“O presidente Jorge Viana colocou que as regiões Norte e Nordeste tem muito potencial e originalidade e fizemos a primeira missão no Acre em maio. Agora estamos voltando in loco para que o consultor Marnei Carminatti possa identificar as potencialidades e quais produtos poderão ser incorporados para venda no mercado internacional”, disse.
A representante da Apex-Brasil destaca ainda que a entidade promove em São Paulo o Salão Inspira Mais, voltado para moda, que acontece duas vezes por ano e parte desse projeto é para apresentar o material identificado. “A parceria com o Sebrae é fundamental para que possam capacitar as empresas na questão da qualidade e precificação”, ressalta.
Silvana Dilly, da Assintecal, explica que a associação tem um convênio com a Apex-Brasil e foi desafiada pelo presidente Jorge Viana e sua equipe para fazer um trabalho com o Norte e Nordeste e o Acre foi escolhido para fazer esse trabalho de ver os materiais e diversidade existentes, neste momento que o mundo todo olha para a questão da sustentabilidade.
“É uma tendência mundial a sustentabilidade, principalmente na parte ambiental e precisamos nos apropriar de toda essa diversidade e aspectos culturais para vender a imagem do Brasil com o agregado de valor encontrado no Norte e Nordeste. Nosso objetivo e ter esse olhar com o artesanato local e incorporá-lo no mercado nacional e internacional”, disse.
A Assintecal é uma associação de componentes para a indústria do calçado, com empresas que fabricam sintético, para confecção de tênis, pedrarias e adesivo. “Antes da China o Rio Grande do Sul tinha uma forte indústria e aprendeu a produzir com qualidade e preço e há cerca de 20 anos instiga tanto a indústria de materiais como a de calçados para desenvolver produtos e marca”, ressalta.
A artesã Dalvani, do povo Kulina, que já participa de feiras nacionais desde 2014, quando foi uma das finalistas e vencedora do concurso Mulher Empreendedora, na categoria Coletividade, destaca a grande parceria do Sebrae com os artesãos e artesãs indígenas do vale do Juruá com investimento na melhoria da qualidade dos materiais e produtos.
“Fui finalista do concurso Mulher Empreendedora na categoria coletividade e a partir daquele momento as portas se abriram ainda mais para o artesanato indígena. Depois disso tenho participado de várias feiras nacionais que são uma grande vitrine para mostrar a qualidade dos materiais e do artesanato indígena”, enfatiza.
A artesão destaca ainda que trabalha em parceria com o Sebrae desde 2001 e sempre fala com seus parentes que é um parceirão que não se pode perder . “O Sebrae é que investiu na qualificação dos nossos materiais, principalmente no acabamento e depois disso nossas vendas só se multiplicaram, mas ainda precisamos de mais qualificação para oferecer produtos de mais qualidade”, disse.
A artesã ressalta também que a expectativa para o resultado da oficina com apoio da Apex-Brasil, que tem como presidente o ex-governador Jorge Viana, é bastante grande pela necessidade de melhorar cada vez mais a produção. A primeira impressão de Dalvani é que mais essa capacitação se reverterá em mais melhorias na qualidade do artesanato indígena.
