- Douglas Porto da CNN , São Paulo=
Mortes deveriam ocorrer em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação do petista no TSE
A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra uma organização criminosa que, entre seus planos, tinha como objetivo os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As mortes deveriam ocorrer em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação do petista como presidente da República no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). À época, Moraes era presidente da Corte.Cinco pessoas foram presas por suspeita de envolvimento no planos: quatro militares da tropa de elite do Exército e um policial federal.
Veja como seriam os assassinatos em seis pontos:1-) Jeca, Joca e professora
Segundo relatório da PF, o grupo utilizava codinomes para se referir aos alvos que seriam assassinados
Lula era chamado de “Jeca”. Alckmin, por sua vez, de “Joca”. E Moraes, de “professora”.
Um terceiro codinome, “Juca”, foi utilizado para se referir a uma “iminência parda do 01 e das lideranças do futuro governo”. Entretanto, a PF afirmou que não obteve elementos para identificar a quem o nome se referiria.
2-) Envenenamento de Lula
De acordo com a decisão de Moraes que autorizou a operação, conforme revelado por investigação da PF, o plano do grupo era envenenar Lula.
“Considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, diz.
3-) Explosão e envenenamento para matar Moraes
Foi planejado pelo grupo a utilização de artefato explosivo e de envenenamento para a morte de Moraes, aponta a PF.
“Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público”, diz a decisão que embasou a operação.
De acordo com a PF, Moraes era monitorado continuamente. Foi realizado levantamento para identificar o aparato de segurança pessoal do ministro.
“As informações sobre segurança pessoal também apontam para uma provável estrutura de segurança do magistrado daquele momento. Mais ao final da primeira página, é mencionado um tempo de reconhecimento de pelo menos duas semanas nas regiões de ‘DF’ [Distrito Federal] e ‘SP’ [São Paulo], sendo exatamente as unidades da federação em que o ministro frequenta ordinariamente”, continua.
4-) Arsenal de guerra para matar Moraes
Também foi prevista a utilização de um arsenal de guerra para matar o ministro, com pistolas, fuzis, metralhadora e um lança-granada.
“A lista com o arsenal previsto revela o alto poderio bélico que estava programado para ser utilizado na ação. As pistolas e os fuzis em questão (4 pistolas 9mm ou .40 e 4 fuzis 5,56mm, 7,62mm ou .338) são comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados”, revela a decisão.
“Chama atenção, sobretudo, o armamento coletivo previsto, sendo: 1 metralhadora M249 – MAG – MINIMI (7,62mm ou 5,56mm), 1 lança-granada 40mm e 1 lança-rojão AT4. São armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”, prossegue.
5-) Carro do Exército usado para matar Moraes
Um carro oficial do Exército, pertencente ao Batalhão de Ações de Comandos (BAC), foi utilizado no plano que pretendia matar, de acordo com a PF.
O veículo, um Fiat Palio, se deslocou entre Goiânia e Brasília em 15 de dezembro de 2022, “data em que, possivelmente, seria realizada a prisão/execução” do ministro.
6-) Operação foi baseada em material apreendido com general
O material que baseou a operação da PF foi apreendido com o general de Brigada Mario Fernandes, ex-assessor da Presidência de Jair Bolsonaro (PL), e um dos presos hoje.
Fernandes foi quem elaborou, em tópicos, segundo a Polícia Federal, o planejamento de “operações clandestinas” e as execuções de Lula, Alckmin e Moraes.
O texto, que estava em um arquivo de Word, inicialmente denominado “Fox_2017.docx”, continha “um verdadeiro planejamento com características terroristas, no qual constam descritos todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco”, segundo a decisão de Alexandre de Moraes, relator do caso.
Depois, o plano passou a ser intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, onde havia informações sobre as mortes.
No documento de Fernandes, o primeiro tópico, denominado “Demandas de Rec Op (levantamentos)”, refere-se as diligências para identificar o aparato de segurança pessoal de Moraes, compreendendo os equipamentos de segurança, armamentos, veículos blindados, os itinerários e horários.
Os demais pontos incluem uma lista de itens para a realização da operação, como chips e armamentos que incluíam pistolas, fuzis, metralhadora e um lança-granada.