- André Vasconcelos, da CNN Brasil, em Brasília
No CNN Talks COP30, executivos e autoridades destacaram cooperação entre setores para financiar agenda climática
Em um debate sobre finanças climáticas, autoridades e executivos dos setores público e privado discutiram sobre a importância da cooperação entre ambos para o financiamento de iniciativas sustentáveis.
Silvana Machado, diretora executiva de Sustentabilidade do Bradesco, destacou a relevância dos bancos para apoiar a agenda sustentável.
“O setor financeiro tem papel fundamental para essa agenda como financiador para a transição para uma economia de baixo carbono. Para o Bradesco, essa agenda faz parte da nossa estratégia”, afirmou.
A diretora ainda enfatizou que sustentabilidade e negócios “caminham juntos”, e que o banco trabalha isso com clientes via três pilares: financiamento sustentável, estratégias de descarbonização e consultoria e engajamento e conscientização.
A bioeconomia é uma estratégia articuladora das finanças, clima e uso da biodiversidade da natureza, definiu Marcelo Behar, enviado especial da COP30 para bioeconomia.
“O que a gente precisa articular é como conceder financiamento para que ele derrube emissões, atinja as metas e cause o efeito regenerador que o clima precisa”, afirmou.
Behar pontuou, porém, que o mesmo exercício deve ser realizado para a natureza, e que a COP30 terá “contribuição grande” para isso.
Rogério Santana, diretor de Relacionamento com Clientes da B3, reforçou a importância do capital governamental, mas também protagonismo da iniciativa privada, que busca bons investimentos e precisa de segurança, tecnologia para controlar, governança.
A B3 oferece a infraestrutura aos negócios para trazer segurança e transparência aos investimentos, por meio de produtos voltados para a agenda sustentável, como índices voltados para agenda de sustentabilidade que auxiliam na criação de um mercado secundário de carbono, segundo ele.
Além disso, Santana citou a agenda de licitações.
“A B3 tem o serviço de apoiar o setor público e aproximar a pauta de licitações, parcerias público-privadas, vendas de ativos e privatizações ao capital privado”, pontuou.
Eduardo Riedel, governador do Mato Grosso do Sul, colocou a agenda de transição energética e alimentar do Brasil como “única” no mundo.
Ele disse que o estado se posiciona construindo políticas públicas para monetizar a biodiversidade, o carbono e a água.
“Nos últimos 10 anos, o Mato Grosso do Sul diminuiu cinco milhões de hectares de pastagem e manteve a produção. A política pública induz em diferentes cadeias produtivas, por benefício fiscal, a eficiência”, afirmou.
Riedel ainda comentou que a indústria local tem dado “verdadeiro exemplo” de como monetizar diretamente a melhoria de balanço de carbono do estado, que se tornou elegível para comercializar 86 milhões de toneladas de carbono — o que representa R$ 1 bilhão, segundo ele.
Dentre as soluções oferecidas pelo Bradesco, Silvana destacou o financiamento de veículos e equipamentos elétricos e a negociação de títulos verdes.
Já Marcelo Behar colocou em pauta a questão da sociobioeconomia, de como lidar e apoiar comunidades como as indígenas por auxiliarem no papel de “guardiãs da floresta”.
Para investidores privados, tanto nacionais quanto estrangeiros, Rogério Santana destaca a importância da tecnologia e fornecimento de dados para acompanhamento sobre o compromisso ambiental.
“O investidor que está fora do país quer acompanhar a distância e quer dados bem catalogados para acompanhar a questão sustentável das empresas e investimentos”, pontuou.
Eduardo Riedel revisitou também a questão dos data centers, afirmando que 94% da energia gerada no Mato Grosso do Sul é renovável, e cabe ao estado oferecer incentivos fiscais e infraestrutura para atrair empresas interessadas no fornecimento energético limpo.