O ano de 2025 marcou uma virada significativa para a política ambiental do Acre. Com ações estratégicas de monitoramento, regularização ambiental, combate a ilícitos e fortalecimento das comunidades tradicionais, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) definiu uma agenda ambiental robusta e integrada.
A regularização ambiental foi um dos pilares da gestão ao longo do ano. A Sema, em parceria com os projetos Floresta+ Amazônia e Paisagens Sustentáveis da Amazônia, intensificou as ações de regularização ambiental em todo o estado. Ao longo do ano, foram realizados 20 mutirões, que somaram 1.149 atendimentos em diversos municípios acreanos, como Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Manoel Urbano, Feijó, Acrelândia, Sena Madureira, Xapuri e Tarauacá.

Ao longo do ano, foram realizados 1.623 atendimentos relativos a inscrição e retificação do Cadastro Ambiental Rural, apresentação de requerimentos para análise prioritária, cancelamentos e adesões ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), além de 1.951 notificações a proprietários e interessados e 1.261 análises do CAR concluídas e 168 Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) firmados.
Além do atendimento direto à população, a Sema investiu na formação de profissionais que atuam na rede de gestão ambiental. Durante os mutirões, foram capacitados 159 técnicos das prefeituras, servidores estaduais e representantes de sindicatos rurais.
Inovação e tecnologia para enfrentar as mudanças climáticas
Um dos marcos mais relevantes de 2025 foi o lançamento da plataforma Acre Climate. A ferramenta, pioneira entre os estados brasileiros, foi desenvolvida para mapear e simular os impactos de inundações em áreas vulneráveis.
Criada em parceria com a empresa brasileira Codex, a plataforma integra dados ambientais, climáticos e sociais, permitindo ao Acre monitorar riscos, antecipar cenários e responder com mais rapidez aos eventos climáticos extremos. A iniciativa coloca o estado na vanguarda da adaptação climática no país e fortalece o planejamento das políticas públicas voltadas à resiliência socioambiental.

Outro avanço importante é o Selo Verde Acre, desenvolvido em parceria com o Centro de Inteligência Territorial (CTI), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A plataforma pública é gratuita e totalmente digital, reunindo dados ambientais, fundiários e socioeconômicos, além de mapeamentos em alta resolução e imagens de satélite.
Ao integrar diariamente dados de órgãos estaduais e federais, o sistema se torna uma ferramenta estratégica no fortalecimento da regularização ambiental e fundiária e na rastreabilidade da produção agropecuária. Além disso, o cidadão acreano pode acompanhar, de forma transparente e com base em informações oficiais, as condições ambientais de seu imóvel rural.

Reduções históricas de desmatamento e queimadas
O Acre registrou também avanços expressivos no enfrentamento ao desmatamento e às queimadas ilegais. Segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério do Meio Ambiente e Clima (MMA), o estado reduziu 27,62% do desmatamento entre agosto de 2024 e julho de 2025, estimada uma redução de 325 km² de área desmatada. Os dados foram validados pelo Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma/Sema).
O resultado supera as metas anuais do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas (PPCDQ-AC), que previa redução de 10% ao ano até 2027, e mantém a trajetória de queda contínua observada nos últimos três anos florestais. Foram 840 km² no ano florestal de 2021/2022; 601 km² (2022/2023); 449 km² (2023/2024).

Outro resultado expressivo foi registrado entre janeiro e novembro, com a redução de 75% dos focos de calor em comparação com o mesmo período de 2024; segundo dados do Inpe.
Em números absolutos, o estado registrou 2.183 focos em 2025, segundo o Satélite de Referência (Aqua), contra 8.628 no ano anterior, segundo dados do Inpe.
Os resultados refletem a atuação integrada do Gabinete de Crise, do Grupo Operacional de Comando e Controle (Gocc) e das equipes de fiscalização.

“Este ano, o Acre conquistou avanços muito significativos em nossa política ambiental e de mudanças climáticas. Alcançamos mais de 75% de redução nos focos de calor, um número que demonstra o esforço dos órgãos de fiscalização e das políticas preventivas que implementámos ao longo do ano. Além disso, consolidamos uma trajetória consistente de diminuição do desmatamento, atingindo uma marca histórica: conseguimos alcançar, com dois anos de antecedência, a meta de reduzir em 50% o desmatamento, que estava prevista somente para 2027”, destaca o secretário de Meio Ambiente, Leonardo Carvalho.
Brigadistas Comunitários: os guardiões da floresta
Em 2025, o Acre se tornou pioneiro com os brigadistas comunitários remunerados nas unidades de conservação estaduais (UCs). A iniciativa faz parte do Programa de Brigadistas Comunitários, desenvolvido pela Sema, em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC).
Foram selecionados 48 brigadistas residentes das próprias UCs, que, além de atuar no combate ao fogo, têm papel fundamental na prevenção, educação ambiental e orientação das famílias sobre práticas que reduzem riscos de uso do fogo no período de estiagem.

As equipes atuam nas regiões da Área de Proteção Ambiental (APA) Igarapé São Francisco, APA Lago do Amapá, Floresta Estadual do Antimary, Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório (Cferg) e a Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Japiim Pentecoste.
A chefe da brigada da APA do Igarapé São Francisco, Thárita Carrilho, destacou que a experiência como brigadista transformou sua maneira de enxergar o cuidado com meio ambiente.

“Foi um desafio. Atuar em uma área que diz respeito a toda a sociedade e contribuir diretamente no combate aos incêndios mostrou o quanto cada esforço é essencial para reduzir os danos à vegetação. Essa vivência agregou muito à minha formação, ampliou meus conhecimentos e fortaleceu meu amadurecimento profissional”, disse.
Investimentos internacionais: R$ 15 milhões para ações de resiliência socioambiental
No início do ano, o Acre fez história ao captar R$15 milhões junto ao Fundo Brasil da Organização das Nações Unidas (ONU) para a implementação do Programa de Resiliência Socioambiental nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) do Igarapé São Francisco e Lago do Amapá.

Executado pela Sema, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e financiado pelo Fundo Brasil da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Amazônia com doação do governo do Canadá, e com o apoio do Consórcio da Amazônia Legal (CAL), o projeto propõe uma abordagem integrada de conservação ambiental, com foco na melhoria da governança socioambiental e no estímulo à bioeconomia.
O programa inclui ações voltadas para a conservação ambiental, recuperação de áreas degradadas, segurança hídrica e alimentar, além da promoção da igualdade de gênero e fortalecimento comunitário nas APAs do Igarapé São Francisco e do Lago do Amapá, em Rio Branco.
Cuidando de quem cuida da floresta
O Programa Saúde na Floresta ampliou sua atuação em 2025, levando atendimento em saúde, assistência social e educação ambiental às comunidades que vivem em unidades de conservação.

As ações contemplaram as populações das florestas estaduais do Rio Gregório, do Afluente e do Antimary, além do Parque Estadual Chandless, e reforçam o compromisso do governo com a qualidade de vida das famílias da floresta e com a integração das políticas socioambientais.
Na edição do Programa Saúde da Floresta no Antimary, a autônoma Joelma Souza demonstrou satisfação ao receber atendimento sem precisar se deslocar à cidade.

“Levei meus filhos ao pediatra e achei ótimo, porque conseguir uma consulta com pediatra na cidade é muito difícil. Além disso, consegui encaminhamento para especialista. O benefício de ter essa ação aqui dentro da floresta é enorme, já que não precisamos viajar até a cidade. São vários atendimentos que, se fossem particulares, seriam muito caros. Ter vários profissionais atendendo a comunidade é maravilhoso”, enfatizou.
Gestão participativa das unidades de conservação
Para ampliar a participação social e fortalecer o diálogo na gestão das florestas estaduais, a Sema reestruturou o Conselho Consultivo do Complexo Estadual de Florestas do Rio Gregório, da Floresta Estadual do Afluente do Seringal Jurupari e da Floresta do Antimary. Na ocasião, foram empossados os novos conselheiros do biênio 2025–2027, que passam a integrar oficialmente o colegiado responsável por acompanhar e fortalecer a gestão participativa dessas unidades de conservação.

COP30: Acre apresenta modelo de governança verde e resultados do PPCDQ
No cenário internacional, o Acre teve participação de destaque na COP30, realizada em Belém (PA). A Sema apresentou dois painéis estratégicos, que reforçaram a posição do estado como referência em políticas climáticas e conservação da Amazônia.

O painel “Governança verde: modelo acreano de resiliência climática” destacou as ações estruturadas para enfrentar eventos extremos, como enchentes e secas, e mostrou como o estado tem integrado políticas de adaptação, mitigação e fortalecimento socioambiental.
Já no painel “PPCDQ Acre: um modelo de sucesso subnacional para a conservação da Amazônia e o cumprimento das metas climáticas globais”, o governo apresentou os resultados expressivos no combate ao desmatamento e no manejo integrado do fogo, além de detalhar as metodologias que têm orientado a gestão territorial e contribuído para reduzir emissões.

Ao longo da COP30, o secretário de Meio Ambiente, Leonardo Carvalho, integrou 14 painéis temáticos, contribuindo com debates estratégicos sobre reposição florestal, o Mutirão do Código Florestal, avanços do REDD+ jurisdicional e a agenda de regularização ambiental no Acre e na Amazônia.

“Encerramos o ano com uma participação altamente positiva na COP30. O Acre apresentou seus resultados de redução de emissões e reafirmou sua contribuição para as metas globais de combate às mudanças climáticas. Sabíamos que era um momento essencial para mostrar o trabalho que estamos realizando, consolidar a reputação do Acre como protagonista nas ações ambientais e construir novas oportunidades. Realizamos reuniões estratégicas para buscar mais recursos, ampliar parcerias e garantir que o estado continue preparado para enfrentar os eventos extremos, que têm se tornado cada vez mais frequentes na Amazônia”, ressaltou o secretário Leonardo Carvalho.



